quarta-feira, 1 de outubro de 2008

A Magia das Palavras (concurso literário 07/08)


São várias as definições que se colocam à palavra. Mas, afinal, o que é? Um vocábulo tão simples num mundo tão complexo. É, se é fácil saber o que é a palavra, o complicado é saber explicitar o seu sentido.
As palavras são mais do que um agregado de letras, são mais do que parte de uma oração. São a melhor ponte entre nós próprios e o mundo e são imprescindíveis em todas as conjunturas da nossa vida: quer seja para pedir um simples café, para dissertar sobre algo, para executar uma tarefa, para dizer o que nos vai na alma. Pegamos nelas como se de um pincel se tratasse e projectamos tudo o que quisermos, concreto ou abstracto, imaginário ou existente. O único limite imposto às palavras é a imaginação do Homem. Expressam-se pela nossa própria voz ou então pelas nossas mãos.
De um modo ou de outro, são um precioso bem da nossa vida, que é banalizado nos dias actuais por ser algo que alcançamos tão instintivamente, estando à extensão de uma vibração das cordas vocais ou da simples moção de uma caneta. As pessoas não têm noção do quão relevantes são as palavras, do que elas nos permitem adestrar. Às vezes, perdemos algo que estimamos, pelo simples receio de deixar as palavras voar.
São inúmeros os apanágios que associamos prontamente às palavras: elas podem ser sinónimos, quando existe uma partilha do mesmo significado por parte de duas palavras; antónimos, quando existe uma disjunção de acepção entre dois conceitos; homónimas; homófonas; homógrafas; elas podem desempenhar o papel de sujeito, predicado, um qualquer complemento, predicativo…
Ainda outro ponto deveras característico das palavras é o facto de poderem ser ou não intemporais. Existem palavras que subsistem desde os primeiros tempos até aos correntes, outras que caíram em desuso. É o caso de palavras como alcova, soer, decoro, antes usadas normalmente num simples diálogo diário e hoje com um significado desconhecido pela maioria da população, talvez apenas presente na mente dos indivíduos dos “velhos tempos” ou daqueles com uma maior riqueza de vocabulário, que as usam em vez de quarto, costume, recato.
São ciência, também. São estudadas em laboratórios de gramática, cheios de letras e tubos de ensaio etiquetados, morfologia, sintaxe, semântica, fonética, etimologia...
Mas, longe do rigor quase matemático com que são arrumadas em categorias, a magia das palavras está, não no seu geral aceite incondicionalmente por todos, mas na interpretação e no uso que fazemos delas, está na sua presença no dia-a-dia de cada um, na sua junção, quando se dá vida a frases, textos, livros. Uma palavra pode marcar presença na vida de duas pessoas, e adquirir acepções diferentes, como a mágoa e a amizade. A magia da palavra é ver que, na sua aparente debilidade, ela tem a força necessária para mudar o mundo.