![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcujYD4ZYdB5WclBLAhkdcsxD7WeYsg2EVlVNCaT0BqEoOaBzvUDruryBj2fkC7mlBzJX3snmlj6KZQRn72fnmIuQ4Taq1k0I9ySACtU15Z_UrljX9ov6DC2Ct628LAJx1fTZZx3DzHWY/s400/beijo_queixo.jpg)
«a porta entreaberta dá azo aos arrepios que já me conhecem o mapa do corpo e sabem exactamente onde cair.
peço-te que a encostes, fica mais quente assim, e sorrio, aquele sorriso de malícia que tantas outras vezes me valeu um beijo sem fôlego.
arrastas a pele para mim, roçando o cabelo nos meus poros desprevenidos. um braço sobe, tocas-me no rosto como se apreciasses a escultura mais nobre, de contornos singelos, a medo.
um beijo no pé, uma costura que se rasga;
um aperto no sangue e na voz: somos a noite, em esplendores raros, em denúncias ao céu.
sinto-te, enquanto te passeias na praia que é o meu dorso, areia fina, alva: língua que morde.
chegas-te a mim, olhos fechados para melhor bebermos o amor.
desprende-se o pecado do tecto, cortei-lhe o fio, quebra-se no chão, em lençóis, paredes, mãos, costas.
tenho os pés frios
e o coração a ferver
encaixa-te
fazemos do escuro aliado de murmúrios de um prazer partilhado, e faço-me demorar em ti, qual doença, qual tempestade que não quer ir embora.
não vamos mesmo embora, nunca
falar-te dos teus lábios que inspiram a poesia;amar com as mãos;
assim. »
o
o
*
o que sinto não tem nome, tem cheiro: de mãos que se tocam em tardes quentes e abraços depois do amor que nos salva.f
Magda Martins