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Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Eugénio de Andrade
Dedicar poemas, quão romântico. Pena que o tenhas feito para dizer adeus. Pois bem, aprende a empregar o verbo na segunda pessoa do singular, e não na primeira do plural: eu nunca tive nada a ver com as tuas mudanças repentinas de ideias. Foste tu quem gastou tudo o que havia para gastar. Passsados tantos meses, digo-te: gastei a paciência que poderia ter contigo. Gastei o carinho que sentia por ti. Gastei a vontade de sermos amigos. Gastei a esperança de um dia poder contar contigo nos momentos difíceis. Meu amor, esgotaste todas as minhas reservas, excepto a da mágoa que por ti sinto e que se intensifica a cada dia. Para quem acredita que acções magoam mais que as palavras, deixo aqui a minha contradição.
P.S.: Passado um ano daquele dia, o nosso, só nosso, chego a uma conclusão: não foram as esperas que foram inúteis, tal como me disseste. A pessoa em que te tornaste foi a única coisa realmente inútil nesta história toda. Goodbye and so long.