segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O amor é uma companhia


O amor é uma companhia

Já não sei andar só pelos caminhos

Porque já não posso andar só

Um pensamento visível faz-me andar mais depressa

E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo

Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo

E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar

Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas

Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela

Todo eu sou qualquer força que me abandona

Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio
Fernando Pessoa (Alberto Caeiro)
Scorpion