segunda-feira, 18 de maio de 2009

demónios

Ofegante. Corro pelas ruas, perseguida pelos anjos do passado, que hoje não passam dos demónios do presente, que me consomem as forças e a vontade de continuar. As pedras da calçada elevam-se para que eu tropece nelas, ficando à mercê dos meus piores inimigos, contidos nas minhas memórias mais dolorosas. Chuto-os, grito, recupero forças e volto a correr, mas a fuga parece não ter fim. Choro as lágrimas que jurei não voltar a chorar, enquanto me escondo nos becos sujos e pútridos desta cidade asfixiante. Deixo-me sentar, calma e estafadamente. As minhas pernas já não mexem, e controlo a respiração para que ela não emita qualquer ruído, para que ela não mova o ar, não me podem encontrar. Os gatos vadios e esqueléticos, com o seu ar traiçoeiro, circundam-me, tentam-me subornar, não conseguem, não me vendo. Eles entregam-me, com o miar denunciador, os meus demónios engolem-me numa dor profunda, e eu, branca, pálida, temporaria e psicologicamente morta, não consigo fazer mais nada que...lembrar. Lembrar tornou-se sinónimo de sofrer. O pior dos sofrimentos. O da saudade. [ Sabem lá vocês as vezes que tento sair deste labirinto. ]


ritzm