quarta-feira, 6 de maio de 2009

A VOZ DO SILÊNCIO



A voz do silêncio anda lá por casa. Ela chora e ninguém ouve, ninguém sabe. Nem ela sabe. A voz do silêncio atormenta-a durante a noite, e ninguém desconfia. A voz do silêncio despedaça-lhe o coração, ninguém vê, ninguém ouve, ninguém fala. A voz do silêncio é um grande companheiro inimigo que ela tem, o único que ela tem. Quando ela chora sozinha, ela está lá. Quando ela sente o coração prestes a rebentar, como se de uma bomba-relógio se tratasse, ela está lá. Não seria certamente o companheiro que ela desejara mas é o único, o único que está trinta horas por dia. O dia dela não tem vinte e quatro horas, tem trinta. Era de trinta horas que ela precisava, mas ninguém lhas dá. Ela chora com a voz do silêncio, ninguém a ouve. Ela distrai-se com o som da alegria dos que a rodeiam e ela tenta acompanhar. Sente-se na solitária da prisão, da prisão dos seus sentimentos. Sentimentos esses que a têm atormentado, que ela preferia esquecer, mas não pode, não pode, não consegue, DESISTE. Ela desiste e ninguém sabe. Nem ela sabe. Ela desiste e isso atormenta-a durante a noite, e ninguém desconfia. A desistência despedaça-lhe o coração. ninguém vê, ninguém ouve, ninguém desconfia. Desistiu, e agora já não tem nenhum companheiro...

Cataryna *