Aqueles dias que o céu está escondido por entre o algodão que sobrevoa por cima de nós, manchado de branco e cinzento como se fosse uma aguarela numa folha de papel. Não consigo ver o pôr-do-sol, apenas sei que este se está a ir embora porque o dia escureceu, as luzes acenderam e começa o sossego devido às pequenas gotas que vão caindo deste céu manchado. De repente, instalou-se o sossego, apenas se ouve o salpicar da chuva a bater no chão e nas poças. Quero ir lá para fora, mas não posso, esta dor não me deixa sair porta fora. Único momento que me deixaria feliz neste momento era dançar descalça no meio da rua, esvoaçando o vestido que teria posto, soltando os meus cabelos como chicotes na minha face, como se me estivesse a castigar pelo mal que eu fiz a mim própria…
Acordei… acordei para uma realidade que nunca tinha vivido, acordei de tal maneira assustada porque no sossego sobrepôs-se o silêncio, o que me fez sentir-me assim, triste e desfigurada.
Olhei pela janela, e voltei a ver o mesmo que vi no dia anterior… as luzes acenderam-se, o céu escureceu, e as nuvens ali permaneceram.
Bz.*
