sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Um Bem que Veio por Mal

Poderá um mal terrível, vir a curar outro? Pode, é pena que assim seja, mas pode. Por vezes é preciso algo terrível que faça dois corações juntarem-se novamente. É triste, em vez de ser a alegria a juntar pessoas, é a tristeza, ou a perda de algo, neste caso, alguém. Vi, naquele dia, mais gente a velar o corpo, do que no próprio casamento. Todos diziam: muito corajosa, nunca pensei que viesses. E segundos depois choravam no ombro. Chamam a isto coragem? Não. Temor.
Mas é precisamente isso que me revolta, nós não aproveitamos os pequenos momentos de alegria, mas sentimos ao máximo as tristezas… Está errado. Por exemplo a frase típica, triste e simplesmente repugnante dos Portugueses num dia normal: “vai-se andando”. Como quem diz: vai-se vivendo. Como quem pensa: vai-se estando. Como quem acha: vai-se morrendo. Como se estivessem a viver de por favor. Como se não gostassem que estar vivos. Como se não amassem alguém. Como se não dessem por contentes o facto de terem uma óptima vida comparada com outras. Temos de mudar isso, temos de responder com um sorriso na cara: “estou bem, obrigada”, a não ser, claro, que realmente não esteja tudo bem, o que na maior parte não é verdade.
Devemos pensar que depois do mal vem a bonança… mas não, na realidade, o que aconteceu foi que uma desgraça nunca vem só. Mesmo assim há aqueles que continuam de queixo erguido, para levantar o dos restantes. São os de queixo para baixo que dão força aos do queixo para cima. E ao contrário? Não sei.