sexta-feira, 2 de outubro de 2009

“O melhor é ir cada um para o seu lado…” Disse ela com a cabeça para cima, sem medo da resposta. “Sim, talvez seja melhor.” E os olhares de ambos desencontraram-se para horizontes opostos.
E os meus abriram-se. Estas palavras ditas por eles fizeram com que todo o meu corpo ficasse petrificado. E não só, pela primeira vez, há já muitos anos, correu-me uma lágrima pelos olhos.
Pensavam que não estava a ouvir. Era suposto não estar, já passava das 23h. Foi então que senti que o meu mundo poderia mudar derrepente, onde as duas pessoas que eu mais amava não iriam estar comigo juntas. A partilhar a mesma casa, nem as mesmas confissões. Espero apenas que seja uma fase e que ambos se tenham precipitado. Não percebo porque pessoas à tanto tempo juntas não se consigam aturar mais. Se se juntaram, era porque se amavam, certo? Espero que sim, e espero também que o amor não tenha pura e simplesmente desaparecido. Se for isso, tenho pena, se não for, mais pena terei…
Talvez perceba a parte dela. E a dele também. Têm feitos opostos, mas ao mesmo tempo iguais. É uma aflição ouvir a parte de um e lhe dar razão, e em seguida ouvir a parte do outro e lha dar igualmente. O mais terrível é que quem estava mais perto afastou-se, e a que estava mais distante aproximou-se. O pior é que nem existe nem lado bom, nem lado mau. Para que lado irei? Talvez para o meu, ou seja, nenhum.
Desde esse dia foi como se fossem desconhecidos a deambular exactamente pelos mesmos locais, sem proferir uma única palavra um ao outro. O “boa noite” das 20h nunca mais se ouviu naquela casa. Apenas saem essas palavras, mas não com a mesma convicção, nem com o mesmo desejo que se pretendia dar a priori daquele dia.

É melhor nem escrever mais…

Joana Franco