quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Tu


Reconheci, instantaneamente, esse brilho dos olhos, donos de uma beleza maior, uma mestria de contornos e segredos nus, um suspiro a cada pestanejar. Olhavas-me e eu senti (senti, porque me olhavas). Foi por isso que me deixei cair em ti e me afundei nesse castanho-café de resquícios minuciosos de um azul-saudade-de-mim. Atrevo-me a dizer que és tudo o que preciso. És todos os meus enigmas de mulher livre nos sentimentos. O meu espírito dança em palcos ignotos do teu ser; sou invadida, mas não disparo, não luto. Encarno-me toda de um renascer das coisas do coração para que te percas nos meus caminhos e lábios, de mel e salva, e aromas vastos que já conhecemos de cor. Os cheiros a paz, a lençóis de manhã, a frio na ponta do nariz, a mar, a beijos, a malícia. Recordo-me de todos os momentos em que a minha memória os guardou, e sou transportada até eles, de novo, de todas as vezes que os cruzo e me deixo mergulhar nesses instantes de passado presente.

o

Magda Martins