sábado, 17 de janeiro de 2009

Escutismo? Eu faço parte!

Quem me conhece bem, sabe que eu não sou de vícios e fanatismos, mas apenas tenho uma paixão, daquelas que fazem o coração saltar pela boca, que nos fazem andar eléctricos sem pensar em mais nada, que faz com que todos os dias viver valha a pena, por muito mal que o dia corra. Essa grande paixão, é o escutismo.

(vou esperar um pouco que riam e façam as vossas piadas…)

Este pequeno aparte, eu já deixei de ligar, porque o estereótipo do escuteirinho certinho, betinho, que ajuda velhinhas a atravessar a estrada, que usa óculos de cromo e que é, e sempre será, um totó, já está tão incrustado na mentalidade das pessoas que é impossível deixar de existir. Pois que eu digo: melhor assim! Mais sobra para quem sabe o que isto é. Mas o que é o escutismo?

Inspirado nas práticas militares com que o nosso fundador, Robert Baden-Powell, conviveu, o escutismo é mais do que um bando de miúdos vestidos de igual que se reúnem uma vez por semana. É uma escola, tão importante, ou quem sabe mais até, que aquela onde passamos a semana. Uma escola da vida, onde aprendemos os valores para ser bons cidadãos: espírito de partilha e solidariedade, saber conviver com as pessoas, respeitar o próximo, encontrar na Natureza o que de melhor existe no mundo.

Dando um pouco de testemunho pessoal, posso dizer que, em pequenina, eu era um bocado egoísta, preguiçosa, MUITO pouco desenrascada, e por vezes centrava-me demais em mim do que nos outros. Não por causa da educação, nada disso, mas era a maneira original do meu ser. A conviver com outros jovens aprendi a lutar contra tudo isso, e aprendi a querer ser melhor a cada dia que passava. Não só aprendi isto, como aprendi a ser escuteira todos os dias, e não apenas quando fardada.
De Domingo a Segunda, conto os minutos impacientemente para chegar o Sábado (a reunião semanal) onde temos actividades relacionadas com cidadania, solidariedade, técnica escutista, ou apenas algum convívio, em certos dias. O convívio de jovens normais. Sim, atenção, NÓS SOMOS JOVENS NORMAIS, como vocês, como todos! Apenas tivemos a oportunidade de encontrar um sítio onde podemos ser nós mesmos, sem medo dos preconceitos da sociedade, onde podemo-nos encontrar a nós próprios. Isto foi vital para mim em fases muito difíceis da minha vida, porque lá conheci os meus melhores amigos (embora muitos hoje estejam afastados), alguns inimigos (porque não somos obrigados a gostar de todos!) e até foi lá que “descobri” o meu primeiro namorado.

Uma vez, recebi um mail com uma descrição de “escuteiro” bastante interessante: alguém que conhece várias pessoas ao longo da sua jornada. Mesmo que apenas estejam juntos uma hora, sabem que fizeram ali uma amizade para sempre. Faz de um amigo, um irmão (se não era assim, era algo do género!)

Pelo tamanho do post, já devem perceber o meu entusiasmo, a minha euforia, o grande ORGULHO que tenho de dizer que sou escuteira hoje, e sempre o serei. Quem é escuteiro uma vez na vida, então para sempre será escuteiro, terá sempre ao pescoço o seu lenço. Por isto, já dormi ao relento em dias de chuva, já fiz caminhadas que pareciam intermináveis, já disse verdades a algumas senhoras desagradáveis que têm a mania que são espertinhas, já chorei, já ri, já tirei as fotos mais nostálgicas de sempre, já passei noites acordada, já enfrentei multidões, já deixei a escola para segundo plano, já fiz um teatro de moletas, já comi comida misturada com terra, já me mascarei de Tio Patinhas, já me vesti à 80s, já tirei fotografias no meio da estrada…

Digo, e volto a repetir: a minha maior paixão.



Ritz Mkz