quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

MANOEL DE OLIVEIRA FAZ HOJE 100 ANOS. PARABÉNS!




Manoel de Oliveira nasceu a 11 de Dezembro de 1908.


Cem anos depois foi atrás das câmaras que o cineasta português festejou o 100º aniversário, na rodagem de «Singularidades de uma Rapariga Loura»,
adaptação de um dos contos de Eça de Queirós, que - segundo as palavras de Manoel de Oliveira - não sofreu muitas mudanças relativamente à obra de Eça.


'Inicialmente era para ser um filme de época, mas o produtor disse que ficaria caríssimo. Então adaptei-o à realidade de hoje", disse Manoel de Oliveira.


Segundo o cineasta, o filme é baseado na ideia de que se conta a um desconhecido coisas que não se contariam a um amigo ou à própria mulher.


"No conto de Eça de Queirós, isso passava-se numa carruagem na viagem para Trás-os-Montes. Eu adaptei-o para uma viagem de comboio de Lisboa ao Algarve", disse.

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REALISMO

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Uma das marcas do cinema de Manoel de Oliveira é o realismo. Em 1942, ainda antes de o cinema italiano ter iniciado o movimento neo-realista, ele filmou Aniki Bobó, uma longa-metragem precursora desse estilo.


"Costumo trabalhar com um historiador, para verificar se não tenho erros históricos. No filme Non ou a Vã Glória de Mandar, tinha quatro historiadores", disse.


Oliveira filma desde 1931, quando estreou o documentário Douro Faina Fluvial, sobre o duro trabalho dos pescadores do rio que banha a cidade do Porto.
Na sua opinião, o que mais mudou na forma de fazer cinema desde que começou foi a montagem.


"Na época, havia dois grandes diretores da Rússia soviética. O Dziga Vertov, de quem se dizia que não era verdadeiramente um artista, mas um engenheiro do cinema, e Eisenstein, o primeiro teórico da montagem."


Filho de um industrial da região norte do país, em 1933 participou como actor do primeiro filme falado de Portugal - A canção de Lisboa - e em 1935 foi piloto em corridas de automóveis.

Para Oliveira, a ideia da morte é pacificadora: "Venha ao mundo como vier, a morte é sempre certa. Isso dá-nos um certo conforto".


O cineasta define-se como ambientalista. "Os índios estão certos. São os únicos que sabem que se depende da natureza como dependem os animais", disse.


Ele recusa-se a fazer produções comerciais e não faz nada a pensar no público que vai assistir aos filmes.


"Não penso no público porque não entendo essa palavra. Públicas são as cadeiras, as salas. As pessoas não são públicos, mas cada um com sua identidade própria e uma forma muito particular de ver e viver."


Gosto desta pessoa!

Admiro o realizador... que adoptou para o seu modo de filmar um tempo com tempo para ver e sentir. Uma vez que a máquina de filmar capta imagens e não pensamentos, emoções... cabe ao espectador pensar, sentir... e participar, deste modo, no filme que está a ver.


CC