segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Na margem de um rio

Vejo o reflexo da pessoa que sou hoje transparecer-se e, cuidadosamente ao mesmo tempo, esconder-se no intervalo das ondas destas águas que tanto me tentam dizer.
A minha imagem flutua como se de um a folha se tratasse, sendo arrastada por águas desconhecidas.
Percorro longas distâncias, sem saber que rumo levo. Sei apenas que o limite é o incerto.
Se pudesse parar aquelas águas que me encaminham face a um destino. Se pudesse ancorar em cada margem e saber o que cada uma delas tem para me oferecer. Se pudesse regressar ao meu caminho sem que o tempo tivesse parado. Se pudesse voltar a flutuar, esquecendo os motivos pela qual o faço.
Sentada na margem de um rio, alcanço a magia que à volta de mim flutua. Penso. Grito. Choro.E deixo que cada lágrima que, convulsivamente, deixo cair se misture com tantas outras também derramadas por outros que, neste mesmo rio, tiveram vontade de o fazer.
O sol, cúmplice do rio, ordena que venha em meu auxilio o raio que, em contacto com a água, me demonstra a profundidade do meu ser.

E foi na margem de um rio…na margem deste mesmo rio, que reencontrei quem há muito, dentro de mim, se afogara!


Guid@