segunda-feira, 24 de novembro de 2008

dei-me uma segunda oportunidade

Agora sim, sinto que não há mais nada a prender-me. Este cancro que me fazia adoecer, todos os dias, todas as horas, todos os minutos, está finalmente removido. Não existe em mim mais nada para quebrar, não existem mais caminhos por onde me possam magoar. Já vi de tudo. Já tenho os anticorpos todos, e já nada me vai afectar.
Já tinha virado o capítulo, sim, mas ainda fiquei a segurar a página, pelo sim, pelo não, a ver no que dava, mas agora acabou. Acabou. Tudo. Não há razões para continuar com nada. Troquei de livro.
As feridas sararam, ficaram apenas as cicatrizes. Podem esfregar o sal à vontade, já não sinto nada. Estou imune. Já nada me importa. Já não existe nada a tapar-me o Sol. Já descobri que existem mais ombros onde chorar, e mais locais para festejar os meus sucessos e alegrias.
O pesadelo, ao qual o sonho deu lugar, acabou, e eu estou acordada para a realidade.
Já limpei as últimas gotas de suor frio, e sinto que já nada pode atingir-me. Os tremores passaram, e eu levantei-me. Começou o novo dia.
A vida continua, e eu continuei. Este narcisismo (saudável, convenhamos), com o qual nunca tive contacto, tem o seu lado agradável, esta auto-confiança que me mostra que a minha única limitação, tanto física como mental, é o medo. E a rotina, que eu tanto desprezo, desapareceu. Porque parece que todos os dias são diferentes.

Tenho tudo o que preciso. E, durante estes dias, cada vez mais me venho a aperceber que há males que vêm por bem. Agora sei que não és quem eu procuro. Tenho a certeza.

Secaram as lágrimas, veio o sorriso em sua defesa. E ele está decidido a ficar.

Prometo. Não vou voltar a ficar no mesmo estado por mais ninguém.



Ritz Mkz