sábado, 4 de abril de 2009

Fon fon fon - Deolinda

Olha a banda filarmónica,
a tocar na minha rua.
Vai na banda o meu amora soprar a sua tuba.
Ele já tocou trombone,clarinete e ferrinhos,
só lhe falta o meu nome
suspirado aos meus ouvidos.
Toda a gente
- fon-fon-fon-fon
-só desdizem o que eu digo:
"...Que a tuba
- fon-fon-fon-fon
-tem tão pouco romantismo..."
Mas ele toca
- fon-fon-fon-fon
-e o meu coração rendidosó responde
- fon-fon-fon-fon
-com ternura e carinho.
Os meus pais já me disseram:
“Ó Filha, não sejas louca!
Que as Variações de Goldbergp'lo Glenn Gould é que são boas!
”Mas a música eruditanão faz grande efeito em mim:
do CCB, gosto da vista;da Gulbenkian, o jardim.
Toda a gente
-fon-fon-fon-fon.
só desdizem o que eu digo:
"... Que a tuba -fon-fon-fon-fon
-tem tão pouco romantismo...
”Mas ele toca
- fon-fon-fon
-e cá dentro soam sinos!
No meu peito
-fon-fon-fon-fon
-a tuba é que me dá ritmo.
Gozam as minhas amigas
com o meu gosto musical
que a cena é “electroacústica”
e a moda a “experimental”...
E nem me falem do rock,
dos samplers e discotecas,
não entendo o hip-hop,
e o que é top é uma seca!
Toda a gente -fon-fon-fon-fon
-só desdizem o que eu digo:
“... Que a tuba -fon-fon-fon-fon
-tem tão pouco romantismo..."
Mas ele toca -fon-fon-fon-fon-e,
às vezes, não me domino.
Mando todos -fon-fon-fon-fon
-que ele vai é ficar comigo!
Mas ele só toca a tuba
e quando a tuba não toca,
dizem que ele continua;
que em vez de beijar, ele sopra...
Toda a gente - fon-fon-fon.fon
-só desdizem o que eu digo:
“... Que a tuba - fon-fon-fon-fon
-tem tão pouco romantismo...
”Mas ele toca -fon-fon-fon-fon
-e é a fanfarra que eu sigo.
Se o amor é fon fon fon fon
que se lixe o romantismo!


Lígia Coelho