domingo, 26 de abril de 2009

procuro-te, não te encontro

há bocado lembrei-me de onde estava há um ano atrás. uma coisa é certa: num sítio melhor. hoje estou sentada em frente a um computador, mergulhada em tarefas que não se fazem sozinhas. há um ano, estava contigo, a esta mesma hora. tinhas os braços em volta do meu corpo, empurravas-me delicadamente contra o teu peito. a noite lá em cima era estrelada, e a natureza seguia o seu percurso em nossa volta. alguns amigos conviviam à volta da lanterna, um pouco mais afastados, e os outros dormiam. mas a noite ainda era uma criança. era a nossa noite, ninguém no-la iria tirar, aquele número iria aumentar, muitos mais meses viriam, muitos mais sorrisos, muitos mais beijos, muitas mais noites. o tempo não se nos esgotava. toda a minha vida poderia correr mal, mas nada podia estragar ali, aquele momento, contigo, a vida, contigo.

passado um ano, os meses estancaram, os beijos desapareceram, e as noites passadas contigo são frias. já não sinto o teu abraço, nem nunca mais encostei a cabeça no teu peito. neste dia, estar contigo foi sufocante, porque quis trazer tudo o que não pode voltar. quase sem dar por isso, deixei escapar mais uma lágrima, a que consegui conter ontem. questiono-me se algum dia irás voltar. questiono-me se estarás a pensar no mesmo que eu, se sequer te lembraste de que dia é hoje. será que, se eu bater à porta, ainda estará alguém do outro lado para responder?

quanto mais tento preencher o vazio, maior ele fica. é um ciclo vicioso sem fim. não são os outros que fazem falta, és tu. as tuas palavras, os teus abraços, os teus beijos, as nossas noites.



ritzm