sexta-feira, 17 de abril de 2009

p.i.i.

há dias confusos. gostaria tanto de te conseguir odiar, pois sei que seria uma ajuda para deixar o passado no lugar onde pertence. mas, quando penso que estou a conseguir, apareces sempre no caminho, amigável, fazes lembrar os tempos em que éramos os inseparáveis melhores amigos. é estranho, até para mim, dizer isto, mas é da nossa amizade que sinto maiores saudades. nunca me relacionei com ninguém de um jeito tão forte, talvez porque nunca ninguém me compreendeu da maneira que tu me compreendes. ainda hoje sinto que somos duas metades de um todo. em tudo o que se vai passando na minha e na tua vida. em tudo o que me acontece, estás lá tu com um papel secundário, ou até mesmo como um mero figurino. quero-te arrancar completamente, mas não encontro a raíz do problema.
sempre acreditámos que a vida nos tinha reservado um para o outro, mas essa ideia tola que tivemos nunca passou de uma frustrada fantasia, que não coincide com o mundo em que vivemos.

por isso mesmo, a fim de evitar sofrimento desnecessário (que nesta fase da vida deve ser erradicado num curto espaço de tempo) sigo o meu caminho, com um objectivo bem definido: deixar-te para trás. já foram tantas vezes em que estive à beira de ganhar, mas de repente o meu melhor amigo aparece, com as palavras de compreensão, que fazem nascer pequenas borboletas, que voam contra as paredes do meu estômago, tapam-me os olhos com a fictícia névoa cor-de-rosa e, quando dou por mim, já dei um milhão de passos atrás, quase que volto ao início da caminhada.

já que não te consigo odiar, ao menos deixa-me tentar esquecer o que sinto. não me barres a saída desta prisão que vivo. deixa-me partir, da mesma maneira que eu te deixei partir: sem contestar. não sejas inconstante, porque se ainda queres fazer parte da minha vida, fá-lo de maneira que eu sinta que posso sempre contar contigo. como um amigo. não entres e saias constantemente, porque, sinceramente, a minha vida já está tonta. partiste-me o coração, ajuda-me a parar de coxear.

[talvez a única tola aqui seja eu. está a ser como pedir a uma pedra para ainda ter sentimentos. ]


ritzm